Por quê? Porque não é uma profissão valorizada. Só reconhece o valor de um intérprete de Libras quem precisa de um. E quem precisa representa uma minoria da sociedade.
As leis voltadas para a área da surdez são muito novas. E o problema já começa ai. Vivemos em um país onde as leis são criadas, sem que sejam criadas estruturas para sua implementação. A lei que reconhecia a Libras no território nacional foi sancionada em 24 de abril de 2002, nela já garantia o seguinte direito ao surdo:
Art. 2o Deve ser garantido, por parte do poder público em geral e empresas concessionárias de serviços públicos, formas institucionalizadas de apoiar o uso e difusão da Língua Brasileira de Sinais - Libras como meio de comunicação objetiva e de utilização corrente das comunidades surdas do Brasil.
Art. 3o As instituições públicas e empresas concessionárias de serviços públicos de assistência à saúde devem garantir atendimento e tratamento adequado aos portadores de deficiência auditiva, de acordo com as normas legais em vigor.
Art. 4o O sistema educacional federal e os sistemas educacionais estaduais, municipais e do Distrito Federal devem garantir a inclusão nos cursos de formação de Educação Especial, de Fonoaudiologia e de Magistério, em seus níveis médio e superior, do ensino da Língua Brasileira de Sinais - Libras, como parte integrante dos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs, conforme legislação vigente.
Depois veio o decreto 5.626 que regulamentou a lei, saiu em 22 de dezembro de 2005. E o intérprete? Alguém sabe como ele estava?
Eu digo como eu estava. Comecei como intérprete em 2009. A profissão não estava regulamentada. Mas a lei para a difusão de sinais já existia. Então me diga qual a coerência disso. Eu recebia na época para trabalhar na parte da manhã R$ 500,00, dos quais R$100,00 pagava a passagem ao trabalho. Sem férias, sem 13º salário, sem direito a nada.
Aí, enfim, em 2010 a profissão foi regulamentada pela lei 12.319. Ótimo, tudo muito bonito, já teríamos direitos, carteira assinada, que alegria! Mas a profissão continua sendo desvalorizada, e chega a ser uma ofensa.
Eu vim aqui escrever sobre isso porque acabo que ver sobre um concurso público para intérprete. Queria me inscrever, o salário é de pouco mais que R$ 1.100,00. Não achei ruim, até verificar a carga horária: 40 horas semanais. Será que é isso que merece uma pessoa que se dedica a uma profissão? Que lida com necessidades especiais? Que precisa aprender constantemente?
Não acho que é uma profissão melhor que as outras. Só acho que aqui todos nós somos desvalorizados.
Acham que temos que viver com pão e TV, porque nem o circo dá pra pagar.
"A gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte"
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Depois venho falar sobre o Prolibras. Apesar da minha pós incluir ensino e tradução, pretendo me inscrever pra instrutora. Estou planejando fazer posts voltados para as matérias do Prolibras para nos prepararmos juntos.
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