quarta-feira, 29 de julho de 2015

Deficiente auditivo ou surdo?

Muita gente pensa que chamar alguém de surdo é ofensa.  Isso é quase igual pensar que chamar alguém de negro é ofensa e aí o pessoal fala "aquela menina escurinha" ou "moreninha". Não! Ser o que se é não é ofensa.
Outras pessoas acham que é politicamente correto chamar de deficiente auditivo, não de surdo. Mas vamos a surpresa: Deficiente auditivo é uma coisa, surdo é outra coisa.

Sim, galerinha... mas a diferença é simples e fácil de notar.

O deficiente auditivo é uma pessoa com perda auditiva de leve a profunda, tanto faz o quanto ele escuta, mas ele não se vê como pertencente da comunidade surda.  Ele não tem a identidade surda.  O mais marcante é o uso da língua portuguesa para a comunicação.
O surdo pode até ser oralizado, mas se ele tiver identidade surda, muitas vezes optando por comunicar-se em sinais, ele é surdo.

Mas aí entra uma questão... identidade e cultura surda.  O que seria isso?   Não é só o uso da língua de sinais, envolve mais que isso.
Essa será minha matéria de estudo, não sei se farei o próximo post sobre isso pois é assunto muito abrangente, e acho que precisarei de tempo.

Para me ajudar, vou estudar o site que coloquei ao lado na minha lista de blogs sobre cultura surda.

Ah, quase ia me esquecendo... NUNCA chame um surdo de mudo ou mudinho, isso sim é ofensa. Eles não são mudos, eles só não escutam e por isso alguns não aprenderam a falar.

Até a próxima,pessoal!

terça-feira, 21 de julho de 2015

Peça Tribos - assisti e recomendo!

Aqui no Rio, semana que vem, será a última semana da peça Tribos. Conta a história de uma família. Bem problemática, como qualquer família.  O filho, Billy é surdo. É citado vários dos preconceitos que a comunidade surda sofre. Libras é uma língua pobre, o surdo fala um português errado, o surdo que usa Libras é limitado, a comunidade surda se fecha...etc.
A namorada de Billy tem pais surdos e está ficando surda. Está sofrendo bastante com isso. Embora envolvida com a comunidade surda, começa a sentir-se limitada.

Na verdade, todos são surdos de alguma forma. Não por uma deficiência, mas muitas vezes por deixar de ouvir, tanto a si mesmos quanto aos outros.

Eu me emocionei muitíssimo. Não sei para onde a peça vai. Estava no Sesc a 20 reais e eu achei baratíssimo já que há atores famosos na peça.

Procure saber, se a peça for para seu estado, vá e ganhe mais uma experiência riquíssima na sua vida.

Para os surdos, haverá um dia por mês com intérprete. Infelizmente as apresentações não são todas acessíveis, e eles não conseguiram trazer para o Rio o material necessário para a audio-descrição, deficientes visuais perderão muito da peça sem isso. Apesar disso, eles ainda estão muito mais avançados que a maioria das peças teatrais por aí, que não tem nada. Já é um passo.
Torço para que ganhem a notoriedade que merecem.



terça-feira, 7 de julho de 2015

Aos professores: "Meu aluno surdo escreve tudo errado"

Aparentemente essa é uma dúvida de muitos professores. E com a inclusão, muitos professores que nunca tiveram contato com a comunidade surda de repente recebem um aluno surdo em sua turma.

Darei uma explicação bem simples. Se alguém quiser saber mais, deixe um comentário que eu faço outro post.

A primeira língua do surdo é Libras. Isso influência a forma como ele aprende o português, e como ele escreve.
As línguas de sinais são visuais e espaciais, isso faz com que a estrutura da frase seja diferente. Logo, o aluno escreve desta forma. Em Libras a flexão de tempo é feita por meio do acréscimo do sinal "passado" ou "futuro". Então geralmente é difícil decorar todas as finalizações das conjugações. Em geral, um surdo não-oralizado vai escrever verbos no infinitivo. Lembre-se de quando você aprendeu a ler e escrever e como o suporte da audição te ajudou. Para o surdo são caracteres que ele tem que memorizar. Imagine como isso é difícil.
Se você não consegue entender o que o surdo escreveu, peça ajuda ao intérprete.

Muito importante: De acordo com a lei, professor, o aluno tem direito a uma avaliação respeitando suas diferenças linguísticas.

Decreto 5626 " VI - adotar mecanismos de avaliação coerentes com aprendizado de segunda língua, na correção das provas escritas, valorizando o aspecto semântico e reconhecendo a singularidade lingüística manifestada no aspecto formal da Língua Portuguesa;"

Não, você não está facilitando a vida do aluno por isso. Não, isso não é paternalismo! É proporcionar igualdade.  Aliás, justiça.
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