sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Reavivando este blog

Criei este blog com o intuito de registrar minhas pesquisas e estudos na área de Pedagogia e na Libras.

Ele ficou abandonado, assim como meus estudos. Então estou retomando. Tanto meus estudos como o blog.

Só pra ele não ficar muito abandonadinho aqui, posto então um vídeo em Libras que gosto:



O conteúdo vai melhorar... aguardem!

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Desafios da vida de intérprete- Desvalorização da profissão

A vida de intérprete não é nada fácil.  Talvez alguns pensem que é muito fácil apenas estar lá e ficar traduzindo o que outros dizem. Que não é preciso preparação.  Que é só chegar e traduzir. Mas não... não é fácil ser intérprete, de nenhuma língua, mas tratando-se da Libras, acho pior.

Por quê? Porque não é uma profissão valorizada.  Só reconhece o valor de um intérprete de Libras quem precisa de um.  E quem precisa representa uma minoria da sociedade.

As leis voltadas para a área da surdez são muito novas. E o problema já começa ai.  Vivemos em um país onde as leis são criadas, sem que sejam criadas estruturas para sua implementação.  A lei que reconhecia a Libras no território nacional foi sancionada em 24 de abril de 2002, nela já garantia o seguinte direito ao surdo:

Art. 2o Deve ser garantido, por parte do poder público em geral e empresas concessionárias de serviços públicos, formas institucionalizadas de apoiar o uso e difusão da Língua Brasileira de Sinais - Libras como meio de comunicação objetiva e de utilização corrente das comunidades surdas do Brasil.
Art. 3o As instituições públicas e empresas concessionárias de serviços públicos de assistência à saúde devem garantir atendimento e tratamento adequado aos portadores de deficiência auditiva, de acordo com as normas legais em vigor.
Art. 4o O sistema educacional federal e os sistemas educacionais estaduais, municipais e do Distrito Federal devem garantir a inclusão nos cursos de formação de Educação Especial, de Fonoaudiologia e de Magistério, em seus níveis médio e superior, do ensino da Língua Brasileira de Sinais - Libras, como parte integrante dos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs, conforme legislação vigente.


Depois veio o decreto 5.626 que regulamentou a lei, saiu em 22 de dezembro de 2005.  E o intérprete? Alguém sabe como ele estava?
Eu digo como eu estava. Comecei como intérprete em 2009. A profissão não estava regulamentada.  Mas a lei para a difusão de sinais já existia. Então me diga qual a coerência disso. Eu recebia na época para trabalhar na parte da manhã R$ 500,00, dos quais R$100,00 pagava a passagem ao trabalho. Sem férias, sem 13º salário, sem direito a nada.

Aí, enfim, em 2010 a profissão foi regulamentada pela lei 12.319. Ótimo, tudo muito bonito, já teríamos direitos, carteira assinada, que alegria! Mas a profissão continua sendo desvalorizada, e chega a ser uma ofensa.

Eu vim aqui escrever sobre isso porque acabo que ver sobre um concurso público para intérprete. Queria me inscrever, o salário é de pouco mais que R$ 1.100,00. Não achei ruim, até verificar a carga horária: 40 horas semanais. Será que é isso que merece uma pessoa que se dedica a uma profissão? Que lida com necessidades especiais? Que precisa aprender constantemente?

Não acho que é uma profissão melhor que as outras. Só acho que aqui todos nós somos desvalorizados.
Acham que temos que viver com pão e TV, porque nem o circo dá pra pagar.

"A gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte"

***

Depois venho falar sobre o Prolibras. Apesar da minha pós incluir ensino e tradução, pretendo me inscrever pra instrutora. Estou planejando fazer posts voltados para as matérias do Prolibras para nos prepararmos juntos.

domingo, 9 de agosto de 2015

Filme - A Família Bélier

Hoje a indicação é de filme.

Mini resenha em Libras(desculpem a imagem, não tenho uma câmera boa, usei o celular)




 Vi a indicação deste filme no blog Coisas Fúteis com uma ótima resenha, bem melhor do que a resumida que fiz aqui, visitem AQUI.



O filme conta a história de uma família diferente das que a gente conhece. Mãe, pai, filho surdos, apenas uma das filhas é ouvinte.  Ela ajuda bastante como intérprete dos pais em assuntos pessoais e nos negócios da família, o que nem sempre é fácil.
A imagem do filme é linda. O afeto da família também. Desejei morar naquele lugar.
Mostra o conflito que há quando a filha descobre talento para cantar e tem oportunidade de ir para Paris estudar. Como abandonar seus pais surdos? E como os pais vão entender e apoiar esse talento sem poder ouvir a voz da filha?

Cena em que chorei horrores:













Assistam o trailer:





Houveram alguns pequenos enganos que eu acredito ter sido na tradução. Como a expressão "surdo-mudo" sendo utilizada pela filha dos surdos. Não sei se estava no áudio original do filme, mas acho difícil, já que a França foi pioneira no estudo da surdez e da língua de sinais(que no filme também foi chamado de "linguagem"). Mas estes são apenas detalhes que em nada estragam a beleza do filme.

Espero que gostem!

Ah... não estraguem a emoção se forem assistir o filme, mas se não forem... há uma música linda:



quarta-feira, 29 de julho de 2015

Deficiente auditivo ou surdo?

Muita gente pensa que chamar alguém de surdo é ofensa.  Isso é quase igual pensar que chamar alguém de negro é ofensa e aí o pessoal fala "aquela menina escurinha" ou "moreninha". Não! Ser o que se é não é ofensa.
Outras pessoas acham que é politicamente correto chamar de deficiente auditivo, não de surdo. Mas vamos a surpresa: Deficiente auditivo é uma coisa, surdo é outra coisa.

Sim, galerinha... mas a diferença é simples e fácil de notar.

O deficiente auditivo é uma pessoa com perda auditiva de leve a profunda, tanto faz o quanto ele escuta, mas ele não se vê como pertencente da comunidade surda.  Ele não tem a identidade surda.  O mais marcante é o uso da língua portuguesa para a comunicação.
O surdo pode até ser oralizado, mas se ele tiver identidade surda, muitas vezes optando por comunicar-se em sinais, ele é surdo.

Mas aí entra uma questão... identidade e cultura surda.  O que seria isso?   Não é só o uso da língua de sinais, envolve mais que isso.
Essa será minha matéria de estudo, não sei se farei o próximo post sobre isso pois é assunto muito abrangente, e acho que precisarei de tempo.

Para me ajudar, vou estudar o site que coloquei ao lado na minha lista de blogs sobre cultura surda.

Ah, quase ia me esquecendo... NUNCA chame um surdo de mudo ou mudinho, isso sim é ofensa. Eles não são mudos, eles só não escutam e por isso alguns não aprenderam a falar.

Até a próxima,pessoal!

terça-feira, 21 de julho de 2015

Peça Tribos - assisti e recomendo!

Aqui no Rio, semana que vem, será a última semana da peça Tribos. Conta a história de uma família. Bem problemática, como qualquer família.  O filho, Billy é surdo. É citado vários dos preconceitos que a comunidade surda sofre. Libras é uma língua pobre, o surdo fala um português errado, o surdo que usa Libras é limitado, a comunidade surda se fecha...etc.
A namorada de Billy tem pais surdos e está ficando surda. Está sofrendo bastante com isso. Embora envolvida com a comunidade surda, começa a sentir-se limitada.

Na verdade, todos são surdos de alguma forma. Não por uma deficiência, mas muitas vezes por deixar de ouvir, tanto a si mesmos quanto aos outros.

Eu me emocionei muitíssimo. Não sei para onde a peça vai. Estava no Sesc a 20 reais e eu achei baratíssimo já que há atores famosos na peça.

Procure saber, se a peça for para seu estado, vá e ganhe mais uma experiência riquíssima na sua vida.

Para os surdos, haverá um dia por mês com intérprete. Infelizmente as apresentações não são todas acessíveis, e eles não conseguiram trazer para o Rio o material necessário para a audio-descrição, deficientes visuais perderão muito da peça sem isso. Apesar disso, eles ainda estão muito mais avançados que a maioria das peças teatrais por aí, que não tem nada. Já é um passo.
Torço para que ganhem a notoriedade que merecem.



terça-feira, 7 de julho de 2015

Aos professores: "Meu aluno surdo escreve tudo errado"

Aparentemente essa é uma dúvida de muitos professores. E com a inclusão, muitos professores que nunca tiveram contato com a comunidade surda de repente recebem um aluno surdo em sua turma.

Darei uma explicação bem simples. Se alguém quiser saber mais, deixe um comentário que eu faço outro post.

A primeira língua do surdo é Libras. Isso influência a forma como ele aprende o português, e como ele escreve.
As línguas de sinais são visuais e espaciais, isso faz com que a estrutura da frase seja diferente. Logo, o aluno escreve desta forma. Em Libras a flexão de tempo é feita por meio do acréscimo do sinal "passado" ou "futuro". Então geralmente é difícil decorar todas as finalizações das conjugações. Em geral, um surdo não-oralizado vai escrever verbos no infinitivo. Lembre-se de quando você aprendeu a ler e escrever e como o suporte da audição te ajudou. Para o surdo são caracteres que ele tem que memorizar. Imagine como isso é difícil.
Se você não consegue entender o que o surdo escreveu, peça ajuda ao intérprete.

Muito importante: De acordo com a lei, professor, o aluno tem direito a uma avaliação respeitando suas diferenças linguísticas.

Decreto 5626 " VI - adotar mecanismos de avaliação coerentes com aprendizado de segunda língua, na correção das provas escritas, valorizando o aspecto semântico e reconhecendo a singularidade lingüística manifestada no aspecto formal da Língua Portuguesa;"

Não, você não está facilitando a vida do aluno por isso. Não, isso não é paternalismo! É proporcionar igualdade.  Aliás, justiça.
Reflita:


sexta-feira, 26 de junho de 2015

Novo projeto em andamento - áudio para deficientes visuais

Tenho um outro blog. Na verdade tenho 3, e mais outro desativado que terá uma última postagem para divulgar meus novos blogs.

O meu blog http://invisivelaosolhos1.blogspot.com.br/  é um blog de textos autorais.  Fiquei pensando em começar a deixá-lo mais acessível.  Ainda não sei se farei tradução para Libras dos textos lá. Mas para começar, vou incluir áudio em alguns dos textos já existentes. Cada vez que eu incluir áudio em algum por lá, divulgarei aqui.

Mais tarde pretendo voltar e escrever um texto bem simples sobre a escrita do surdo.
"Por que meu aluno surdo escreve tudo errado?" é uma pergunta comum. Na verdade, conhecendo o mundo dele, sua língua, você entenderá porque isso acontece.

Até!!!